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Missa com 36 sacerdotes faz Ação de Graças pelos 125 anos da Presença Salesiana em Coxipó (Cuiabá)

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A família salesiana reunida em Cuiabá celebrou nesta quinta-feira (10/11) na matriz paroquial da Igreja Nossa Senhora da Guia, a ação de Graças pelos 125 anos da presença salesiana naquela comunidade.

A missa foi presidida pelo Vigário Inspetorial, P. Elias Roberto, pelo inspetor, P. Ricardo Carlos e pelo pároco, P. Osvaldo Scotti. A solenidade litúrgica de São João Bosco foi concelebrada por outros 33 sacerdotes salesianos, reunidos nestes dias para a Assembleia Inspetorial.

A celebração faz parte da festa tradicional da Congregação Salesiana, em agradecimento a cada irmão pelos trabalhos desenvolvidos durante o ano, que são personificados na pessoa do Inspetor, que representa o Pai, São João Bosco, diante de toda a família salesiana da região, em nome do reitor-mor.

Toda essa tradição foi apresentada na homilia feita pelo vigário inspetorial na ocasião. Seguem abaixo as palavras do P. Elias Roberto.

 

“Estimados irmãos em Dom Bosco aqui presentes e também os que nos acompanham à distância ou pela gravação deste evento,

Com uma imensa alegria eu me dirijo a vocês neste dia de Assembleia Inspetorial. Foram dois anos que se passaram em que este nosso encontro precisou ser feito com muitas restrições, com distanciamento, máscaras, abraços proibidos e cumprimentos limitados. No entanto, acredito que a fé e a oração nos aproximam por laços muito mais fortes que a proximidade física poderia fazer.

Estamos aqui para realizar a “Festa da Gratidão”, que nasceu há 152 anos, no dia 24 de junho de 1870, com um ‘jogo de café’ que Dom Bosco recebeu de presente de Carlo Gastini e de outros ex-alunos do Oratório. De lá para cá, nós aprendemos a repetir esse gesto como uma herança preciosa deixada por nosso Pai e Mestre, Dom Bosco.

A tradição judaica, de onde veio a nossa fé cristã, transmite este ensinamento: “Aquele que desfruta de um bem qualquer neste mundo sem dizer antes uma oração de gratidão ou uma benção, comete uma injustiça”. Por isso, a ação de graças está no coração da liturgia e da oração cristãs.

Quero lembrar aqui as palavras de Dom Bosco para expressar o significado da alegria da presença dos salesianos e dos jovens em uma festa como esta:

 

“Parecia-me estar no antigo Oratório na hora do recreio. Era uma cena cheia de vida, movimento, alegria. Quem corria, quem pulava, quem fazia pular. Aqui se brincava de rã, de barra, ou com bola. Num lugar uma roda de jovens pendia dos lábios de um padre, que lhes contava uma história. Noutro, um clérigo no meio de outros meninos brincava de burro voa e de jerônimo. Cantava-se, ria-se por todos os cantos e em toda parte encontravam-se padres e clérigos, e ao redor deles jovens brincando e gritando alegremente. Via-se que entre jovens e superiores reinava a maior cordialidade e confiança. Eu estava encantado com o espetáculo. Valfrè me disse então:

– Veja, a familiaridade gera o afeto e o afeto produz confiança. Isso é que abre os corações, e os jovens manifestam tudo sem temor aos mestres, assistentes e superiores. Tornam-se sinceros na confissão e fora da confissão e se prestam docilmente a tudo o que porventura lhes mandar aquele de quem têm certeza de serem amados”.

Esta cena, narrada por Dom Bosco na sua famosa “Carta de Roma” nos remete aos primórdios do Oratório de Valdocco. Cada irmão salesiano aqui presente é protagonista nesta história que nos propomos a reviver, afinal, somos uma família em comunhão, na alegria, nas dificuldades, nos desafios e, principalmente, na oração, aos pés de Jesus Sacramentado e de Nossa Senhora Auxiliadora.

O que nós estamos fazendo aqui é dar cumprimento à recomendação de São Paulo feita aos Filipenses, que lemos na Segunda Leitura de hoje: “Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos! Seja conhecida de todos os homens a vossa bondade. O Senhor está próximo. Não vos inquieteis com nada! Em todas as circunstâncias apresentai a Deus as vossas preocupações, mediante a oração, as súplicas e a ação de graças”.

E a primeira Ação de Graças que precisamos ter, relembrando aquele gesto dos ex-alunos para com Dom Bosco, é para com o Inspetor. Padre Ricardo tem demonstrado uma dedicação e esforço gigantes para ouvir, acolher, atender e rezar com os irmãos que vivem e trabalham, mesmo nos pontos mais distantes da nossa Inspetoria. É o zelo do Pastor que nos fala a profecia de Ezequiel, lida na primeira leitura: “Como o pastor toma conta do rebanho, de dia, quando se encontra no meio das ovelhas dispersas, assim vou cuidar de minhas ovelhas e vou resgatá-las de todos os lugares em que forem dispersadas num dia de nuvens e escuridão”.

A extensão da nossa Inspetoria nos leva a também viver esse desafio de pastorear os jovens dispersados, não só fisicamente por essa imensa abrangência de três Estados do Brasil, mas também em realidades igualmente diversificadas, que exigem de cada um de nós, salesianos, ouvir, como ovelhas, a voz dos nossos pastores, representados pelo Inspetor, pelos bispos, pelo Reitor-mor e seu conselho, pelo papa e pelos documentos da Igreja. E também assumir o cajado de pastores diante de uma juventude sufocada pelo materialismo, por ideologias secularistas e ateias, ou mergulhada nos radicalismos religiosos, que privilegiam mais a forma que o conteúdo da nossa fé. Nesta hora, precisamos lembrar do nosso Pai, Dom Bosco que, gastou a sua vida pela salvação das almas, lançando mão de toda a sua energia física e espiritual para resgatar os jovens das misérias da pobreza, da falta de trabalho e, principalmente, da falta de Deus, dos Sacramentos e de uma Mãe Santíssima no Céu.

Tudo isso não se faz ao acaso ou de improviso. Em um momento tão exigente de qualidade nos ambientes profissionais, precisamos também programar e avaliar. Fazer isso quantas vezes forem necessárias, para que o nosso trabalho seja de excelência. Não porque devemos ser profissionais perfeitos, mas porque precisamos demonstrar o Amor de Deus no nosso testemunho diário. E o Amor de Deus é perfeito. É claro que nós não somos perfeitos, mas quando caminhamos juntos, podemos crescer juntos e nos aperfeiçoar juntos. Cada contribuição é valiosa, por menor que seja.

Jesus, no Evangelho de hoje, Jesus nos diz que “Quem se faz pequeno como esta criança, esse é o maior no Reino dos Céus. E quem recebe em meu nome uma criança como esta, é a mim que recebe”. Esta é a nossa hora, esta é a nossa missão: ser como crianças diante de Deus, com o coração entregue, aberto, puro, simples, sincero e, desta forma, acolher os pequeninos que chegam às nossas presenças, trazidos pelas mãos maternas de Nossa Senhora Auxiliadora.

Quero então encerrar, lembrando o que disse São João Crisóstomo em uma reflexão sobre este trecho do Evangelho. Ele lembra que, para uma criança, o único critério para distinguir entre aquilo que lhe está próximo e aquilo que lhe é estranho é o amor:

“Se bem que lhe mostres a Rainha com sua coroa, ela (a criança) dá preferência à mãe, ainda que esta esteja vestida de farrapos”. As crianças percebem o amor que lhes é dedicado e têm naturalmente toda a abertura a este amor, à graça, à bênção, à autodoação de Deus.

E é por isso que Dom Bosco nos ensinou que “não basta amar os jovens, mas é preciso que eles saibam que são amados”.

Então, fica aqui a nossa gratidão a cada irmão salesiano, desde o mais jovem até o mais ancião, que tenha dedicado sua vida aos jovens apenas por amor, como Jesus Cristo fez e como Dom Bosco nos deixou de exemplo”.