Início Paróquias “Celebrar o Corpo de Cristo é também saciar a fome de quem...

“Celebrar o Corpo de Cristo é também saciar a fome de quem padece”

152
0
Voluntário da Operação Mato Grosso distribui sopa a crianças xavante. Foto: José Alves

A festa de Corpus Christi para os salesianos da Paróquia Pessoal São Domingos Sávio, em Campinápolis (MT) não teve tapetes artísticos, procissão e incenso, mas foi de grande alegria e louvor a Deus. O trabalho litúrgico dos salesianos daquela presença teve a preocupação de atender ao apelo que o próprio Jesus Cristo fez, narrado no capítulo 25 do Evangelho de S. Mateus: Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isso a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes (MT 25,40) “Então a gente pensou em marcar a celebração de Corpus Christi com uma ação em uma aldeia onde tem alto índice de crianças com desnutrição. Na aldeia Santa Fé são 9 crianças em um estado de baixo peso, em um estado grave, algumas até precisando estar internado na CASAI de Campinápolis”, explica o diácono salesiano José Alves.

A festa de Corpus Christi na Aldeia Santa Fé teve o objetivo atender o Cristo que tem fome no corpo das crianças xavante.

Com as palavras do Evangelho em mente e muita vontade de socorrer a comunidade, a equipe da Pastoral da Criança de Campinápolis seguiu para a aldeia xavante Santa Fé, onde vivem cerca de 120 pessoas em 10 casas. A pobreza é extrema e as condições de saúde muito precárias. “A gente pensou em fazer esse dia festivo com uma doação de cestas básicas, dando alimento para atender às necessidades do Cristo que tem fome na pessoa do pobre. Pensamos também em roupas, então nós arrecadamos algumas doações de roupas para cobrir esse Cristo que também tem frio e precisa de roupas e agasalhos. Foi um dia muito festivo mesmo, muito contente, muito alegre, a equipe de pastoral esteve presente lá, a coordenadora Deusmira, também uma pessoa que faz parte da equipe, que é a Raquel Miranda, que é do grupo da Operação Mato Grosso, e tem esse senhor aí, que é um médico italiano”, explica o diácono.

Fior Paolo é médico italiano e voluntário da Operação Mato Grosso

O ‘senhor italiano’ a que José Alves se refere é Fior Paolo, médico pneumologista, benfeitor do grupo da Operação Mato Grosso, que veio fazer uma experiência de 30 dias em meio aos povos indígenas. “Minha experiência foi aquela de ficar com o povo, sobretudo ficar com os xavante. Eu dei uma ajuda no posto de saúde, porque na verdade eles precisam muito ser acompanhados para muitas doenças que têm e que precisam de ajuda. Nas aldeias existem muitas crianças que precisam porque tem pouco acesso à saúde pra eles na cidade, então é uma boa coisa poder dar ajuda para eles nas mesmas aldeias”, revela o médico com grande esforço para falar português.

Fior Paolo ficou um mês como voluntário em Campinápolis, nas aldeias e, nesta semana já retorna para a Itália. Ele conta que gostou muito da experiência, que se sentiu realizado por poder ajudar este povo originário brasileiro. Ele acredita que cuidando da saúde indígena é uma forma de ajudar a preservar a cultura do povo. “Porque um xavante que come bem, que está saudável, com saúde, é um xavante que vai perpetuar o seu estilo de vida, a sua cultura. E tudo isso é o que estão fazendo a Operação Mato Grosso e os salesianos”, avalia o médico.

A ação desenvolvida no dia de Corpus Christi faz parte das atividades da Pastoral da Criança em Campinápolis. As crianças foram medidas e pesadas, cada família recebeu pelo menos uma cesta básica e todos os moradores fizeram juntos uma refeição preparada pelos voluntários. “Eu entendi que este trabalho é muito importante. Muito importante também pela cidade de Campinápolis saber que tem pessoas que vão até a última aldeia e que tem atenção deles”, avalia o voluntário italiano.

“Fizemos uma comida para eles para mostrar que tem pessoas, tem ‘Waradzu’ que gostam deles. Gostam da saúde deles. Gostam deles como xavante, gostam deles como pessoas, porque ninguém, seja ‘waradzu’, seja xavante, deva passar fome ou necessidade das coisas”, Finaliza o médico.

 

Euclides Fernandes

DRT/MS 55/02