(ANS – Turim) – No contexto do ‘39° Festival do Filme de Turim’, o ‘Centro Sperimentale di Cinematografia – Archivio Nazionale Cinema Impresa’ e a ‘Sede Central Salesiana’ apresentam o trabalho de restauração digital do longa-metragem “Don Bosco”, dirigido em 1935 por Goffredo Alessandrini, produzido por Riccardo Gualino para a nascente ‘Lux Film’. O filme religioso raconta a vida do santo piemontês, da infância nos campos do Monferrato à juventude no seminário; da atividade educativa e social feita em Turim com os meninos das classes mais humildes à fundação da Obra Salesiana; e à Canonização.
Na era dos filmes ‘digitais’, a restauração dos velhos filmes continua sendo a última ocasião para manejar aquelas longas tiras de celuloide que fizeram sonhar gerações de expectadores. É um trabalho superespecializado, que só as filmotecas e os arquivos estão em condições de fazer. O ‘Torino Film Festival’ construiu-lhe em redor uma seção – “Back to Life” – que neste ano apresenta cinco gemas doutros tempos trazidas à nova vida. A mais antiga é “Dom Bosco”, filmado em 1935 por Goffredo Alessandrini que tinha pouco mais de 30 anos. A película foi filmada entre Turim, Chieri, o Monferrato, e os Estúdios da ‘Fert-Microtecnica’. Para fazê-lo foram gravados 40.000 metros de celuloide: deles só 2.500 foram utilizados. O custo do filme foi de mais de 2 milhões de liras (da época).
A obra representa um exemplo clássico do gênero hagiográfico, mas enriquecida por linguagem elegante e soluções muito atinadas. Como nas tomadas ‘contre-plongées’ do pequeno Joãozinho, que já lhe sublinhavam a unicidade; nas sombras que racontam a formação do sacerdote; sem esquecer o ‘amplo respiro’ de algumas cenas. De especial interesse, são ao depois as tomadas externas – enquadramentos de campanha e de trabalho no campo que compõem o horizonte dos dias do jovem João – que representam hoje uma preciosa fonte etnográfica do território circunstante.
A película saiu em 1935, um ano depois da Canonização do Santo dos Jovens. Tempos depois recontará Goffredo Alessandrini, seu diretor: “No filme há somente um ator profissional, os demais se assumiram ‘dalla strada, come si dice’ (do ambiente). Mas os padres eram Salesianos autênticos, que se prestaram dedicadamente. Interessara-me muito também pelos lugares em que se filmava. Recordo-me de alguns conventos, como o de Chieri. E relembro também que naquele inverno Turim era uma cidade branca de neve, mas com sol e céu azul”.
As atividades de reconstrução, digitalização e limpeza da imagem foram feitas para o Arquivo Nacional do Cinema d’Empresa, por Ilaria Magni, Diego Pozzato e Elena Testa, esta a responsável. Para a restauração se partiu do negativo conservado no ‘Fondo Salesiani’ depositado por ‘Direzione Generale Opere Don Bosco, em 2016, em Ivrea, integrando as partes lacunosas com sequências conservadas no Museu Nacional do Cinema, na ‘Cineteca’ de Bolonha e no “George Eastman Museum”, de Rochester, nos Estados Unidos.
A película faz parte do fundo ‘CSC-Archivio nazionale cinema impresa’, constituído por perto de 500 filmes que proporcionam uma preciosa documentação da presença dos Salesianos em muitos Países do mundo. Esta colaboração já levou à identificação e à recuperação de títulos pouco ou totalmente desconhecidos, como “Os 26 Mártires do Japão”, filme dirigido em 1931 por Tomiyasu Ikeda, sobre a perseguição e o martírio dos cristãos na era Tokugawa; e “Os Conquistadores de Almas”, dirigido por Renzo Chiosso, Felice Minotti.