Grande parte do Evangelho fala do Jesus que realiza milagres ou, para citar São João Evangelista, “sinais”. E os milagres são, ainda hoje, elementos essenciais para o avanço de qualquer Causa de Beatificação ou Canonização. A manhã do terceiro dia do seminário sobre a santidade, sexta-feira, 8 de setembro, Festa da Natividade de Maria, abordou este tema de forma orgânica, com uma palestra teórica e uma série de apresentações sobre algumas experiências concretas registradas entre os casos acompanhados pela Postulação Geral da FS.
O protagonista da primeira parte da manhã foi o P. Sergio La Pegna, Superior Geral dos Padres Doutrinários, cujo fundador, P. César de Bus, foi canonizado no ano passado. O religioso, que trabalha na Congregação para as Causas dos Santos, presidiu, em primeiro lugar, a S. Missa da manhã. Durante a Concelebração, enfatizou o papel de Maria na história da salvação (“Maria conduz-nos sempre a Jesus”) e o papel dos santos como colaboradores e intercessores (“os santos fazem o mesmo: chamam-nos sempre de volta a Jesus”), identificando claramente como a verdadeira santidade nada mais faz do que multiplicar e difundir a única luz que vem de Deus.
Posteriormente, o P. La Pegna expôs com detalhes o tema dos milagres, manifestação extraordinária da “intervenção direta de Deus” e, portanto, diferente das “graças”. Com palavras claras, exemplos concretos e uma boa dose de humor, explicou por que, para ter “certeza absoluta” no reconhecimento da santidade de um indivíduo, a Igreja exige um milagre, não considerando suficiente apenas a reputação de santidade: “Um milagre é considerado uma resposta amorosa de Deus, um sinal autorizado de que a pessoa invocada está no Céu e de lá pode interceder pelos fiéis da Igreja peregrina na terra”, esclareceu.
Por fim, apresentou as características necessárias ao reconhecimento do milagre: os elementos científicos e teológicos. No caso largamente maioritário dos milagres – o das curas – os elementos científicos exigem a colaboração de médicos, que não são chamados a se pronunciarem sobre o milagre, mas simplesmente a realizar seu trabalho com competência: apresentando o diagnóstico inicial, o prognóstico esperado, a terapia proposta, o atestado de uma “recuperação instantânea – ou, em todo caso, muito rápida – , completa e definitiva”. O elemento teológico serve antes para estabelecer o nexo causal entre a intercessão da figura da santidade e o suposto milagre: atesta que houve, antes do fato milagroso, a invocação da figura da santidade.
Após explorar o tema com uma animada sessão de perguntas e respostas, a discussão ainda voou alto, entre o Céu e a Terra, examinando o milagre inerente à Causa de Canonização do salesiano coadjutor Sr. Artêmides Zatti; da Beatificação de Maria Carola Cecchin, religiosa de Cottolengo; a cura inexplicável na causa de beatificação de Camille Costa de Beauregard, sacerdote diocesano francês, e um suposto milagre realizado pela Bv. Ir. Maria Troncatti FMA.
Graças às falas dos Dres. Massimo Bonzanino e Maurizio Bruni, médicos, membros da FS, e da Ir. Caggiano FMA, foram examinados os aspectos médicos e teológicos de vários casos, e foi também possível verificar como, em todas as circunstâncias, os milagres, reconhecidos ou presumidos, confirmaram os carismas específicos de seus intercessores: a atenção aos doentes pobres (Zatti), a dedicação aos recém-nascidos e às mães (Cecchin), aos órfãos (Costa de Beauregard) e aos indígenas (Troncatti).
Com informações: ANS