Este artigo, assinado pelo atual diretor da presença salesiana de Primavera do Leste, foi selecionado para participar da Coletânea Todas as Formas de Amor, um projeto da Editora Perse. Ele foi selecionado entre 214 textos que concorreram para compor a coletânea a Coletânea. Aprecie.
Não posso negar que sou salesiano de Dom Bosco. O nome de SALESIANO dado aos religiosos deve-se a São Francisco de SALES.
Francisco de Sales nasceu a 21 de agosto de 1567 e faleceu a 28 de dezembro de 1622. Saboiano, foi bispo de Genebra na Suiça.
Em 2022, comemorando o quarto centenário do nascimento de São Francisco de Sales, o décimo sucessor de Dom Bosco, dom Angel Fernandez, agora nomeado cardeal, apresentou em sua “estreia” o tema: “Fazei tudo por amor, nada por força”.
A “estreia” é um texto apresentado pelo superior dos salesianos anualmente, envolvendo um tema relevante para a família salesiana.
A família salesiana é composta basicamente pelos padres e irmãos salesianos e as salesianas, Filhas de Maria Auxiliadora. Compõem também vários grupos, congregações religiosas, num total de 32.
Os salesianos estão presentes em 135 países.
Pois bem, o Cardeal Angel Fernandez, em sua “estreia” (‘strenna’ em italiano, ‘aguinaldo’ em espanhol), adotou como lema a célebre frase de São Francisco de Sales: “Fazei tudo por AMOR, nada por força.”
O amor é a maior força propulsora do mundo. Dom Bosco, fundador dos salesianos, inspirado em São Francisco de Sales, vivia intensamente essa ideia motriz e procurava infundir em seus seguidores da família salesiana.
Começou praticamente do nada em Turim uma obra para os jovens. Visitava os cárceres, a famosa “Generala” de Turim, fazia-se amigo dos jovens aprisionados e se questionava, o que poderia fazer para evitar que os jovens viessem um dia a ficar atrás das grades.
E aos poucos foi envolvendo mais pessoas em seu projeto de resgatar os jovens do mau caminho e conduzi-los a um projeto de amor, de alegria, de felicidade. Alguns jovens fascinados pela experiência de Dom Bosco aderiram ao seu projeto, que foi se expandindo. Hoje, depois de 136 anos após sua morte, os salesianos estão espalhados no mundo em 135 países, levando esta proposta de amor, de doação.
Dom Bosco usava uma palavra italiana “amorevolezza”, difícil de traduzir em português, envolvendo o sentido de amor, doçura, paciência, ternura, carinho.
Dom Bosco assimilou profundamente a mística de São Francisco de Sales, sua espiritualidade.
Endossava a frase de Santo Agostinho: “A medida do amor é amar sem medida”.
Não estamos aqui a falar de “eros”, de “filantropia”, mas de amor doação, proximidade, pureza. Dizia Dom Bosco: “Studia di farti amare”. Carregamos no peito uma cruz com esta inscrição: “Esforça-te para fazer-te amar”. Esse era um grande segredo de Dom Bosco. Amando profundamente, do fundo do coração, desejando e fazendo o bem, se conquista o coração do jovem e torna-se possível ajudar a mudar, transformar a pessoa. Aliás, Dom Bosco teve um sonho memorável aos nove anos que jamais sumiu de sua memória. Em resumo, viu um bando de jovens, quais animais ferozes, que aos poucos se transformaram em pessoas maravilhosas, felizes, alegres, sorridentes, graças à ação divina e ao trabalho incansável junto a eles, buscando sua cidadania, sua vivência cristã, sua felicidade. “Não com pancadas, João, mas com amor no coração”, diz uma canção reproduzindo a frase dirigida a Joãozinho Bosco no sonho dos nove anos.
Assim, sonos convidados a levar, a transmitir amor, onde existe ódio, vingança, violência. E onde existe o amor, aí existe o milagre, a transformação.
“TUDO POR AMOR. NADA POR FORÇA”.