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Pastoral “Fé e Política” da Paróquia NS da Guia consolida ações em Cuiabá

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Leigos tomam liderança do Projeto Fé e Política na Paróquia Nossa Senhora da Guia, em Cuiabá. Foto: PASCOM PNSG

A história da Pastoral Fé e Política

P. Osvaldo Scotti, SDB. Foto: Arquivo MSMT

A Pastoral Fé e Política deu seus primeiros passos na Paróquia Salesiana Nossa Senhora da Guiam em Cuiabá (MT) no ano de 2016, com o incentivo do então pároco, Padre Osvaldo Scott, falecido em janeiro de 2023. Inspirado pelo Documento 105 da CNBB, que trata do envolvimento dos leigos na política, o pároco salesiano incentivou os fiéis a pensarem sobre a importância da fé na atuação em meio à vida pública. “O Papa Francisco diz que se lançar na política era uma das maiores formas de caridade, quando você está desprovido de interesses pessoais”, dizia o pároco nas formações que fazia com o grupo.

Padre Osvaldo organizou reuniões e formações para preparar a comunidade e, naquele mesmo ano de 2016, a paróquia lançou um candidato nas eleições municipais. No entanto, o formato de apresentação foi alvo de críticas. “Comprometeu muito, escandalizou bastante. Depois vimos que foi equivocado”, admitem hoje os leigos do projeto, ao lembrarem que a apresentação do candidato no púlpito da igreja, naquela ocasião, não foi bem recebida. Após essa experiência, o formato foi revisado para 2020.

Os desafios e acertos da pastoral política

O processo de escolha de um novo candidato para representar a Pastoral Fé e Política nas eleições de 2020 passou por mudanças importantes. Padre Osvaldo, dessa vez, pediu que as lideranças decidissem em conjunto, e o nome do empresário Renato Mota surgiu como uma possibilidade. “Eu indiquei o Lucena, que era o coordenador da comunidade São Mateus, mas ele agradeceu e lançou o meu nome”, conta Renato, surpreso com a reviravolta. Após uma reunião com a participação de várias lideranças, 60% dos votos apontaram Renato como o candidato ideal para a missão.

Renato encarou o desafio com seriedade. “Desde 2006, depois que fizemos o ECC, a vida missionária e de servir se tornou uma missão para mim e minha esposa. É muito difícil dizer não para os chamados da igreja”, reflete ele. A partir dessa decisão, Renato assumiu a responsabilidade de representar a Pastoral Fé e Política, levando adiante o trabalho iniciado pelo Padre Osvaldo e buscando conciliar fé e política de forma equilibrada e ética.

Renato Mota, ortesista e servidor público, participa ativamente da comunidade da Paróquia Nossa Senhora da Guia, em Cuiabá, junto com sua esposa, Rossela, e seus três filhos. Católico desde o nascimento, ele conta que sua fé ganhou um novo impulso após o Encontro de Casais com Cristo (ECC) em 2006. Desde então, o casal dedica-se assiduamente em várias pastorais da igreja. Entre elas está a Pastoral da Sobriedade, na qual Renato atua há mais de 12 anos nas clínicas de recuperação. “Toda semana estamos lá, levando essa pedagogia para os nossos irmãos”, conta Renato, destacando a importância do trabalho voluntário.

Como leigo, Renato também atua na Pastoral Familiar Regional de Mato Grosso e como ministro extraordinário da Sagrada Comunhão Eucarística. Os filhos seguem o mesmo caminho religioso, especialmente o caçula, Henrique, que já manifestou interesse em seguir a vida consagrada no Arautos do Evangelho. “Meu filho quer ir para São Paulo para o discernimento, ele reza o rosário todos os dias”, revela Renato com serenidade.

Essas características, pessoais e familiares, fizeram com que Renato fosse o indicado pela comunidade da Paróquia Nossa Senhora da Guia, em Cuiabá, para ser o representante da Pastoral Fé e Política no processo eleitoral deste ano.

Os desafios enfrentados durante a pandemia e a primeira suplência

A ideia de resgatar o projeto da Pastoral Fé e Política em meio à pandemia de 2020 começou entre março e abril daquele ano, mas com as eleições marcadas para outubro, o tempo foi curto. “Foi muito difícil”, relembra Renato, especialmente por conta das restrições da pandemia, que impediram encontros presenciais e desestimularam discussões sobre política dentro da paróquia. Além disso, sete candidatos da própria comunidade se lançaram, o que fragmentou o apoio entre os fiéis.

Mesmo com essas adversidades, Renato, liderando o projeto pastoral, conseguiu 1.074 votos, ficando na segunda suplência de seu partido, o Podemos. Em outubro de 2022, ele teve a oportunidade de assumir o mandato por 31 dias, um período curto, mas significativo. “Foi um momento muito rico. Pudemos apresentar emendas impositivas e modificativas, participar de audiências e discutir a Lei Orçamentária Anual”, conta ele, destacando a importância dessa experiência na Câmara Municipal.

Reflexões sobre o futuro da pastoral e novas lideranças

Após essa breve experiência política, Renato considerou que talvez fosse o momento de outra pessoa assumir a liderança na Pastoral Fé e Política. Ele chegou a indicar a médica Fernanda, ministra da Eucaristia e coordenadora da Comunidade de Santa Rita em Cuiabá, que também é uma figura importante no movimento dos campistas. No entanto, Fernanda decidiu não aceitou a missão e pediu para Renato continuar à frente do projeto.

Diante da necessidade de manter vivo o legado iniciado pelo Padre Osvaldo, Renato levou a questão ao Padre Marcelo Fujimura, o novo pároco. “Expliquei para ele que tínhamos essa pastoral implantada, e ele foi muito receptivo”, disse Renato. O padre Marcelo apoiou a iniciativa de remodelar o processo, com o objetivo de escolher candidatos com perfil político-partidário e de serviço à comunidade.

A retomada do projeto depois do falecimento do Padre Osvaldo

Projeto foi abraçado pelo novo Pároco, P. Marcelo Fujimura,SDB. Foto: Arquivo MSMT

Em setembro de 2023, a Paróquia Nossa Senhora da Guia retomou com entusiasmo a Pastoral Fé e Política com uma reunião que reuniu cerca de 200 líderes de 16 comunidades. Dom Mário Antônio, Arcebispo de Cuiabá, e  o senador pelo Estado de Mato Grosso, Mauro Carvalho, participaram da reunião, reafirmando o apoio à iniciativa de inserir os católicos de forma mais efetiva na política, com foco na defesa de crenças e valores cristãos.

Durante a reunião, o pároco Padre Marcelo Fujimura destacou a importância do engajamento político da comunidade católica. Foi decidido que a pastoral deveria se reunir mensalmente, com o objetivo de ter um representante da paróquia como candidato nas eleições municipais. A proposta foi promover uma maior participação dos católicos na política, visando uma sociedade mais justa e solidária, baseada nos princípios cristãos.

A estrutura do novo conselho e o retorno da pastoral

Com a aprovação do Padre Marcelo, foi formado um conselho mandatário, composto pelos coordenadores das 15 comunidades da paróquia e o coordenador da Pastoral Fé e Política, Adriano Botelho. Padre Marcelo ficou como diretor espiritual. O papel desse conselho é acompanhar o candidato eleito e garantir que ele siga os princípios da pastoral. “Se ganharmos a cadeira, o conselho estará junto ao candidato, fazendo seu acompanhamento”, explica Renato.

No processo de escolha para 2024, três nomes foram apresentados pelas comunidades, incluindo o de Renato. Após as deliberações, ele foi escolhido como o candidato oficial da Pastoral Fé e Política, sob a coordenação dos leigos e com a aprovação do Padre Marcelo.

A busca por um partido e os princípios da doutrina social

Ao buscar um partido, o grupo teve o cuidado de encontrar um que se alinhasse à doutrina social da Igreja Católica, especialmente no que diz respeito à defesa da família e dos valores cristãos. Em 2020, essas características foram encontradas no partido Podemos, que apoiou a campanha com recursos financeiros e suporte jurídico. No entanto, com as mudanças internas no partido, foi necessário considerar outras opções para 2024.

Após avaliar partidos como PL, União Brasil, Democracia Cristã e PMB, a opção ficou com o PMB. “O estatuto defende os valores da família, da liberdade e os princípios cristãos”, afirma. Renato acredita que, com um número de votos em torno de 1.800, há boas chances de garantir uma cadeira na Câmara Municipal.

A missão de transformação social

O objetivo da Pastoral Fé e Política vai além de simplesmente conquistar uma cadeira no legislativo. Cada integrante do projeto enxerga o projeto como uma referência para encorajar outros católicos a se envolverem na política de forma ética e transformadora. “Queremos mostrar que é possível, com uma campanha de baixo custo, colocar um representante comprometido com os valores da nossa igreja”, afirma o agora candidato.

Renato vê na Igreja Católica um pilar fundamental da civilização ocidental e acredita que a transformação social do país passa necessariamente pela atuação dos cristãos. “Precisamos nos organizar, nos formar e cultivar nossa espiritualidade para promover uma ação transformadora, não só dentro da igreja, mas na sociedade como um todo”, conclui.

O futuro da pastoral da pastoral

O trabalho da Pastoral Fé e Política continua a evoluir. As lideranças acreditam ser fundamental que os leigos estejam preparados para enfrentar o desafio de integrar a fé e a política de maneira responsável. “Nós precisamos de pessoas com perfil político-partidário, não apenas pessoas idôneas”, afirma Renato, que enxerga a importância de selecionar candidatos que representem verdadeiramente os valores da comunidade.