Em audiência ao cardeal Semeraro nesta quinta-feira (23/03), o Papa Francisco aprovou os Decretos sobre as virtudes heróicas de cinco mulheres – três religiosas e duas leigas – e do padre salesiano Carlo Crespi Croci, missionário no Equador.
Em 10 de outubro de 2022, no decorrer do Congresso peculiar dos Consultores Teólogos junto ao Dicastério das Causas dos Santos, foi dado um unânime parecer positivo acerca do exercício heroico das virtudes, da fama de santidade e de sinais do Servo de Deus Carlos Crespi Croci (1891-1982). Em seguida, a ‘Positio’ passou a ser estudada pelos Cardeais e Bispos da Congregação das Causas dos Santos: tais articuladas etapas de estudo e avaliação permitiram ao Sumo Pontífice, declarar o P. Carlos Crespi, “Venerável Servo de Deus”. Agora, será necessário um milagre atribuído à sua intercessão para abrir caminho pelo rumo da Beatificação.
Carlo (Carlos) Crespi Croci nasceu em Legnano (Milão, Itália) em 29 de maio de 1891. Era o terceiro de treze filhos. Aos doze anos se encontra com os salesianos do Colégio Santo Ambrósio, de Milão, onde completa os estudos de ginásio. Em 1903 prossegue os estudos no Liceu Salesiano, de Valsálice (Turim), e sente ser chamado por Dom Bosco: de fato, em 8 de setembro de 1907 pronuncia a primeira Profissão como salesiano, e em 1910 a perpétua. Em 1917 é ordenado sacerdote. Na Universidade de Pádua descobre a existência de um micro-organismo até ali desconhecido, despertando por isso o interesse dos cientistas. Em 1921 recebe o Doutorado em Ciências Naturais e, a seguir, o Diploma de Música. Em 1923 parte como missionário para o Equador.
Desembarca em Guaiaquil e se dirige a Quito. Logo depois se transfere a Cuenca, onde ficará por toda a vida. Ali inicia o seu enorme trabalho pelos pobres: faz instalar a luz elétrica em Macas; abre uma Escola Agrícola em Yanuncay. Consegue assim implantar numerosas oficinas, criando a primeira Escola de Artes e Ofícios, hoje reconhecida como Universidade Politécnica Salesiana (UPS, de Quito). Em Yanuncay aloja os noviços e em 1940 abre também a Faculdade de Ciências da Educação, tornando-se o seu primeiro Reitor. Institui também a Escola elementar “Cornelio Merchán” para crianças paupérrimas. Abre um Colégio de Estudos Orientais para dar a formação necessária aos salesianos destinados ao oriente… equatoriano. Funda o Museu Carlos Crespi, riquíssimo de artefatos e cimélios científicos, conhecido também fora da América.
Divulga com todas as forças a devoção a Maria Auxiliadora, expendendo toda a sua vida no homônimo Santuário. O seu confessionário, especialmente nos últimos anos de vida, está com frequência apinhado de Fiéis; e o povo começa a chamá-lo espontaneamente “São Carlos Crespi”. Está sempre no meio dos pobres: no domingo de tarde dá catecismo aos meninos de rua, distribuindo-lhes, além do divertimento, também o pão cotidiano. Organiza oficinas de Corte e Costura para as meninas pobres da cidade
Morre em Cuenca aos 30 de abril de 1982. Sua fama é viva e o povo lhe reza e o venera como protetor dos pobres.
Outros 5 Servos de Deus também tiveram os Decretos de Virtudes Heróicas aprovados pelo papa. Tratam-se de 5 mulheres: Maria Caterina Flanagan, religiosa brigidina; Leonilde di San Giovanni Battista, da Congregação das Irmãs Missionárias dos Sagrados Corações de Jesus e Maria; Maria do Monte Pereira, da Congregação das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração; Teresa Enríquez de Alvarado, uma mãe de família; Maria Domenica Lazzeri, leiga.
Uma mãe generosa e atenciosa — Teresa Enríquez de Alvaredo, que viveu na Espanha entre os séculos XV e XVI, foi educada desde criança para uma vida de fé. Foi dama de companhia de Isabella de Castela, a pedido de sua família, casou-se com um ministro da soberana. Ela se tornou mãe de quatro filhos, mas ficou viúva em 1503. Sua fé inabalável e seu amor por Jesus na Eucaristia a levaram a desprender-se da pompa da corte espanhola para se dedicar à oração e às atividades caritativas. Ela se retira para Torrijos, perto de Toledo, e passou a viver uma vida austera e dedicada aos pobres. Tornou-se como uma mãe e educadora de crianças que ficaram órfãos por causa peste e fome, cuidou de meninas e jovens de rua, cuidou dos doentes e trabalhou para reavivar o culto ao Santíssimo Sacramento. Também administrou a riqueza familiar com inteligência e prudência, destinando-a principalmente a obras de caridade e à construção de lugares de culto, e contribuiu para a fundação de várias confrarias, um mosteiro e quatro conventos. Ele morreu em 4 de março de 1529 e em tempos recentes sua figura emergiu nos Congressos Eucarísticos.
Uma religiosa em diálogo com os luteranos — Maria Catherine Flanagan nasceu em Londres, no final do século XIX, e se tornou religiosa da Ordem do Santíssimo Salvador de Santa Brígida. Aos 19 anos se mudou para Roma, onde Maria Elisabeth Hesselblad – proclamada santa pelo Papa Francisco em 2016 – havia reconstituído a Ordem de Santa Brígida. Na Suécia, ela se dedicou sobretudo às relações com os luteranos, forjando fecundas amizades. Na Inglaterra, ela organizou um centro de acolhida e conseguiu se adaptar a um ambiente difícil graças a seu estilo generoso e útil. Uma mulher enérgica e jovial, animada por um grande fervor e sempre pronta para a caridade para com os sofredores e necessitados, ela foi diagnosticada com câncer em 1935. Ela morreu seis anos mais tarde em Estocolmo em meio a um sofrimento atroz, mas edificando a todos com seu exemplo.
Uma vida passada no ensino e para os pobres — Leonilde de São João Batista, de Lisignago, na província de Trento (Itália), ainda era adolescente quando, em 1906, iniciou seu noviciado no Instituto dos Sagrados Corações de Jesus e Maria na cidade de Pola. Mulher de grande fé, ela buscava a união com Deus através da oração, sempre atenta para cumprir fielmente a vontade de Deus. Ao longo de sua vida, ela experimentou as dificuldades da jornada de seu Instituto e numerosos sofrimentos físicos, mas sempre confiou no Senhor e suportou as provas com paciência, preservando sua paz interior. É a generosidade que a distingue no campo da educação, tanto que ela se tornou um ponto de referência tanto para os estudantes quanto para suas famílias, mas também os pobres e as pessoas em dificuldade, espirituais e materiais, se beneficiam de sua ajuda e apoio. Durante a Segunda Guerra Mundial, também se privou das necessidades para doá-los aos necessitados. Ele morreu em 12 de dezembro de 1945.
Os sinais dos estigmas em uma jovem camponesa — Maria Domenica Lazzeri, leiga, nasceu e viveu em Capriana no século XIX. Era de uma família religiosa que lhe ensinou as verdades da fé e o simples trabalho do moinho e dos campos. Quando criança, trabalhava para os pobres e os sofredores e, enquanto cuidava dos doentes junto com sua mãe durante uma epidemia grave e infecciosa, ela contraiu a doença. Começou a sofrer de falta de apetite, tinha dificuldades respiratórias, febre e tremores, até mesmo convulsões e foi então diagnosticada com anorexia severa. Em janeiro de 1835, ela recebeu estigmas nas mãos, pés e no seu lado direito. Um mês depois a coroa de espinhos em sua cabeça também se manifestava, pingando, todas as sextas-feiras, com sangue vivo. Ela viveu fenômenos tão extraordinários como um lugar de oração e oferenda, mas com muita dor e evitando se expor. Ela viveu uma pertença especial ao Senhor e à sua Cruz, testemunhando seu amor. Sua vida terrena terminou em 4 de abril de 1848, aos 33 anos de idade.
Com informações: ANS e Vatican News