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Nota de falecimento – Pe. Pedro Sbardellotto

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A Missão Salesiana de Mato Grosso informa, com grande pesar, o falecimento do irmão missionário Pe. Pedro Sbardellotto, ocorrido na manhã desta segunda-feira, 05 de novembro. De acordo com o Pe. Lauro Shinohara, diretor da comunidade Paulo VI, o Pe. Pedro faleceu aos 102 anos “como uma vela que foi se apagando”. 

O velório será realizado na capela do Paulo VI (residência salesiana), uma missa será celebrada às 14h30 e enterro ocorrerá logo em seguida à celebração, às 16h, no Cemitério Santo Antônio – em Campo Grande.

Rezemos unidos pelo descanso eterno deste missionário, bom e fiel filho de Dom Bosco!

 

História missionária do Pe. Pedro Sbardellotto

Nome: Pietro Sbardellotto

Data de nascimento: 22.08.1916

Lugar: Mel-Belluno / Itália

 

Chegada Brasil: 11.09.1936

Naturalização: 02.03.1990

Data de Batismo : 27.08.1916           

Data de Crisma: 15.11.1928

Entrou na Casa Salesiana de: Castel Nuovo D’Asti, em: 13.12.1929

Noviciado em: Cuiabá- Seminário Imaculada Conceição. Início em 31.01.1937.

Primeira Profissão em: Cuiabá- Seminário Imaculada Conceição. Data: 31.01.1938

Profissão Perpétua em: Campo Grande-MT. Data: 18.01.1944

Ordenação Sacerdotal em Campo Grande-MS. Data: 04.03.1950

Bispo ordenante: Dom Orlando Chaves

Cursos curriculares:

Ensino fundamental em: Bagnolo/Itália 1936

Ensino secundário em: na ativa

Ensino superior: na ativa

Teologia: Instituto Pio XI-Lapa/SP 1946-1949

 

Atividades desenvolvidas na Inspetoria

1938 – Estudo de filosofia e Tirocinante ( Sangradouro/MT)

1939/1940 –  Secretário – meteorologista e Tirocinante (Colégio Dom Bosco/Campo Grande-MS)

1941-1942 – Tirocinante (Meruri/MT )

1943-1944 – Tratamento de saúde (Coxipó da Ponte/MT)

Fundação da casa e Assistente dos Noviços (Instituto S. Vicente/Campo Grande-MS)

1945 –  Administrador (Instituto São Vicente/Campo Grande-MS)

1946-1949 – Estudos de Teologia (Lapa Pio XI- São Paulo/SP)

1950 – Professor e Conselheiro escolar (Casa São José/Campo Grande-MS)

1950-1952 – Professor (Nova Xavantina/MT)

1953 – Catequista e professor (Araguaiana/MT)

1954-1957 – Fundação da Missão e trabalho missionário (Rio das Mortes/Santa Teresinha-MT)

1958 – Confessor (Araçatuba/SP)

1959-1961 – Trabalhos Gerais (São Marcos-MT)

1962-1967 – Pároco (Araguaiana-MT)

1963… Itinerancia nos Rios Araguaia e Mortes

1968 – São Marcos

1969-1975 –  Pároco e Itinerância missionária (Nova Xavantina-MT)

1976-1980 – Pároco e vigário paroquial (Nova Xavantina-MT)

1978 – Pároco itinerante (Nova Xavantina-MT)

1981 – Vigário paroquial (Poxoréu/MT)

1982 – Professor e itinerante (Sangradouro/MT)

1983 – Professor e pároco itinerante  (São Marcos/MT)

1984-2006 – Vigário Paroquial ou Vice-diretor ou confessor (São Marcos/MT)

2007-2010 – Tratamento de saúde (Casa São José/Campo Grande-MS)

2011 – Tratamento de saúde (Paulo VI/Campo Grande-MS)

Em 1998 celebrou os 60 anos de Vida Religiosa salesiana em São Marcos-MT. Aí também celebrou os 50 anos de sacerdócio, em 04 de março de 2000 e, em 2006, celebrou festivamente seu 90º aniversário natalício. Em 22 de agosto de 2016, celebrou seus 100 anos da vida, junto à Família Salesiana, na comunidade do Paulo VI – Campo Grande.

Memórias sobre o Pe. Pedro Sbardellotto

“No dia 1º de novembro de 1934, a 260 quilômetros distante de Santa Terezinha conseguiram avistar um primeiro grupo de Xavante na beira do rio ao cair da tarde. Encostaram o barco e subiram no barranco alto de uns doze metros, onde se deu o encontro com o grupo. Tratava-se de um grupo de jovens recém-iniciados, que tinham saído para fazer suas aventuras de caça e conflitos com os “brancos”. Eis tão propicia ocasião! Os “brancos” vinham até procurá-los! A falta de conhecimento da língua, alguma tentativa de entendimento na língua dos carajás, inimigos do Xavante e a prepotência dos jovens guerreiros. Após pouco conversa, os dois missionários caíram sob as bordunas dos terríveis guerreiros. Os companheiros aguaram o amanhecer para constatar o desastre e, em seguida, sepultar os corpos dos missionários.

A partir da residência salesiana de Xavantina, os padres Colbachini e Sbardellotto tiveram contatos esporádicos com os Xavantes, entre os anos de 1951 e 1953. Na residência missionária de Santa Terezinha, só em 1953, conseguiu-se celebrar a missa de natal na presente dos Xavantes. A região apresenta um clima insalubre, devido às enchentes anuais e malária.

Conflitos entre os grupos Xavantes, por razões internas e fomentadas por agentes externos resultaram num ataque de guerra aos Xavantes da missão perpetrada por outro grupo rival Xavante, em abril de 1959. Estes, porém, conseguiram rechaçar os atacantes, ferindo alguns deles. Mas, por medo de um ataque de vingança posterior, abandonaram a missão e os missionários, sem destinatários fecharam definitivamente aquela missão em 1962.

Enquanto isso, em 4 de agosto de 1956, chegaram quatro Xavantes, coberto de chagas a Meruri, para o espanto dos Bororos. Pediram cura de suas doenças e avisaram que o grupo tinha ficado à distância, impossibilitado de andar por idêntica doenças, continuaram aí em Meruri o que, no entanto, resultou em frequentes conflitos com os Bororos. Foram então levados ao Córrego Fundo, há uns 15 quilômetros de distância, e aí construíram sua aldeia. Mas era perto demais para aqueles viajantes profissionais nos cerrados, e os conflitos continuavam. Tendo à frente dois salesianos, o grupo afastou então até o fim do território concedido pelo governo aos índios Bororos. Em 25 de abril de 1958, foi fundada a Missão de São Marcos que até hoje é um centro missionário para os Xavantes.

Foi assim que o nosso missionário Sbardellotto levou a nossa missão de São Marcos com o seu sacrifício, com o suor de sangue para o bem da nação Xavante de São Marcos. E nós, Xavantes, o que fazemos para ele? Simplesmente a oração e a amizade com ele que hoje está aqui no meio de nós.

Reverendo Pe. Pedro, não temos nada a lhe dar, mas pediremos em nossas orações que Deus lhe de a força e saúde, para ficar mais tempo no meio de nós. Jamais esqueceremos dos acontecimentos que o senhor fez por nós. Essas coisas são sinais muito marcantes para o povo Xavante de São Marcos. E fecho o meu agradecimento em nome da comunidade de São Marcos.

Ao nosso querido Pe. Pedro e a todos os missionários que estão aqui conosco e os que já nos deixaram.

Techos do discurso proferido por um Xavante após a missa solene dos 50 anos de sacerdócio do Pe. Pedro Sbardellotto, em São Marcos, em 4 de março de 2000.