A Celebração da Solenidade da Apresentação do Senhor marcou dia da chegada dos formandos a Campo Grande. Agora completo, com pós-noviços nas três etapas da formação que antecede o Tirocínio, o Curatorium do Instituto São Vicente se tornou a maior comunidade salesiana do Brasil, ao lado do Instituto Teológico Pio XI, na Lapa (SP), onde é feita a formação teológica dos salesianos. O Pe. Ademir Lima recebeu os neo-professos com as boas-vindas, motivando-os nesta nova etapa da formação. “O andamento da nossa casa é marcado pelo estudantado de filosofia, mas agora temos esses formandos que fazem outros cursos: temos um que faz teologia e outro que faz mestrado em educação. A gente tem estudo pela manhã, salesianidade à tarde, depois horários específicos para esporte, temos a língua italiana pelo Centro de Idiomas da UCDB, e aí nós temos a dinâmica dos esportes, aquilo que é bem salesiano, temos também aula de música no sábado pela manhã, aula de teatro, boas maneiras, e toda uma formação humana e salesiana, além daquela que é filosófica”, afirma o diretor da comunidade.
Neo Professos — Quem acabou de chegar ao Curatorium é o Henrique, de 21 anos, que fez os primeiros votos religiosos na despedida do Noviciado, em Barbacena (MG), há uma semana. “Foi uma experiência maravilhosa para mim (o Noviciado), neste encontro pessoal com Jesus Cristo, no carisma de São João Bosco. Para mim está sendo uma realização estar aqui, voltar à casa da Nossa Inspetoria”, revela o pós-noviço da MSMT. O jovem não traça a expectativa para a nova fase da formação por uma convicção mais profunda. “Não digo expectativa, P. Ademir fala muito de perspectivas. As expectativas podem ser quebradas, elas são muito momentâneas. A perspectiva é muito mais diferenciada. A filosofia vai me proporcionar um campo maior de visão sobre todas as áreas de desenvolvimento humano, da nossa vivência e da juventude também, e assim a gente pode ajudá-los melhor”, aponta entusiasmado.
Dos pontos mais distantes do Brasil — O Instituto São Vicente atualmente conta com a presença de formandos de quatro Inspetorias do Brasil, sendo: Inspetoria São Luiz Gonzaga (Recife), Inspetoria São Domingos Sávio (Manaus), Inspetoria São João Bosco (Belo Horizonte) e a Inspetoria Santo Afonso Maria de Ligório (Campo Grande). Além dos trinta e cinco formandos, há também quatro formadores, provenientes das Inspetorias que integram o Curatorium. “As realidades das inspetorias contribuem para a questão do entrosamento, respeito, enriquecimento cultural. São quatro regiões do Brasil, apesar de que a Inspetoria do Nordeste – São Luiz Gonzaga – é do curatório de Lorena. Mas como tem alguns casos de pós-noviços que já acabaram a filosofia e precisam fazer mestrado ou teologia, então vieram para cá. É um enriquecimento cultural muito grande, tanto para a equipe formadora quanto para os estudantes, que se interagem muito bem”, explica o diretor da comunidade.
Diferenças contribuem — O contraste de culturas é percebido pelo Jordan Carvalho, de 22 anos, da Inspetoria de Manaus. Ele está no segundo ano de Filosofia e acredita que essas diferenças, assim como a distância da família e da Inspetoria de origem, são desafios a serem superados como qualquer outro na caminhada. Também considera como experiências enriquecedoras. “A convivência com os irmãos de outras inspetorias te ajuda a conviver e respeitar o outro, a cultura, o modo de viver, o modo que uma inspetoria trabalha, que é diferente da sua. Isso vai somando cada vez mais com a experiência que você carrega através da sua história”, analisa.
A opinião é compartilhada pelo Luiz Fernando, de 22 anos, que já está no último ano do Pós-Noviciado. Ele pertence à Inspetoria de São João Bosco (Belo Horizonte) e vê como positiva a experiência formativa no Curatorium, longe da sua origem. “É muito gratificante porque você conhece outros lugares. É claro que dá muita saudade dos familiares e das nossas terras natais. Porém, morar em outro lugar também é fazer a experiência do novo, é poder partilhar com outas pessoas de outras realidades e de tantos outros carismas também. É uma experiência rica, faz crescer muito, e sempre interpelando o coração a mudar, a crescer, a respeitar outras culturas, e também a saber que nós devemos ser sempre abertos ao diferente”, esclarece o jovem salesiano.
Tempo obrigatório — A nova realidade vivida por esta fase da formação, em que pós-noviços já formados em filosofia chegam ao Curatórium, não modifica o processo formativo adotado na casa. “Mesmo que você esteja fazendo mestrado, ou vem aqui fazer uma especialização porque já acabou a filosofia, mesmo se o curso for de um ou dois anos, o formando tem que ficar três anos aqui, porque o estudo acadêmico é uma parte da formação do pós-noviciado, mas só uma parte. A outra parte é salesianidade e dimensão humana. Então ele tem que ir para a assistência bem preparado, bem formado. Por exemplo, no último ano do pós-noviciado, o terceiro ano, você estuda o Sistema Preventivo e Assistência Salesiana. Imagina se ele não fica o terceiro ano aqui, ele vai para a assistência sem a formação básica, fundamental para ser um assistente? Então, a casa, e isso é uma exigência nossa, da nossa inspetoria, tem essa exigência de cumprir a formação salesiana e a formação humana também”, explica P. Ademir, diretor do Instituto São Vicente.
Por Euclides Fernandes, e contribuição de Cleiton Bastos (Pós-Noviço)