A celebração de exéquias de Dom Martinez aconteceu na manhã desta quinta-feira (22/04), no Santuário de Nossa Senhora Auxiliadora, em Corumbá. Respeitando o distanciamento social exigido, fiéis sensibilizados compareceram à Missa presidida por D. Dimas Lara Barbosa, arcebispo de Campo Grande, e concelebrada pelo bispo de Corumbá, Dom João Aparecido Bergamasco, pelo bispo auxiliar de Campo Grande, Dom Frei Janusz Marian Daencki e pelo bispo emérito de Campo Grande, Dom Vitório Pavanello, que também foi bispo em Corumbá antes de ser transferido para a capital de MS.
Inúmeros sacerdotes da diocese de Corumbá também participaram da celebração, além dos salesianos da comunidade local. O inspetor da Missão Salesiana de Mato Grosso foi representado pelo P. Elias Roberto, vigário inspetorial. P. Elias fez a bênção do féretro e, em breve apresentação, recordou a constante presença de D. Martinez na casa da sede inspetorial em Campo Grande. “Dom Martinez sempre demonstrou seu grande amor por Corumbá. Foi sempre uma pessoa muito discreta, até silencioso, mas de um coração muito bondoso. Nestes últimos tempos, ele indo sempre a Campo Grande para tratar da sua saúde, se hospedava lá na nossa casa, na sede inspetorial, e a gente sempre conversava com ele, e ele sempre agradável, falava com muito amor diante das dificuldades da vida e dos limites de sua saúde ”, revelou.
Na homilia, D. Dimas citou o evangelho do dia, que narra o episódio em que Jesus ressuscita o seu amigo Lázaro. “Esse evangelho nos é profundamente desafiador porque Jesus desafia a nossa fé como desafiou a fé de Marta e Maria diante da morte do amigo Lázaro. O Evangelho de São João fala claramente que Jesus era amigo da família, era uma família que ele frequentava. Tanto que quando chega a notícia a Jesus, de que Lázaro estava doente, ela foi transmitida nestes termos: “Senhor, aquele que tu amas está enfermo”… aquele que tu amas está doente. O fato é que Jesus se demora ainda um bom tempo antes de tomar a iniciativa de ir até Betânia. Quando ele chega, ele tem que ouvir o desabafo tanto de Marta como de Maria: “Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão teria morrido”… e quantas vezes nós lançamos a Deus esse mesmo apelo, esse mesmo grito: “Senhor, onde é que tu estavas quando meu irmão adoeceu? ” Esta pergunta, nós a fazemos quando o sofrimento atinge a nossa casa e mais ainda quando o sofrimento atinge a nossa própria pessoa. E, realmente, nós atravessamos maus momentos. Acho que todos vocês conhecem, melhor do que eu, como que Dom Martinez já há um bom tempo vinha passando por uma verdadeira cruz, um verdadeiro Calvário. Primeiro um diagnóstico de uma Esclerose Lateral Amiotrófica que era uma verdadeira sentença de morte. E realmente, em conversas com Dom Martinez, a gente percebia como ele estava se preparando, já tendo uma consciência de que estava com os dias contados. Difícil, pesado. Depois, um outro diagnóstico dizendo que não era esclerose, mas uma outra doença. Séria, mas menos letal. Mesmo assim, tudo isso exigia uma boa dose de redução das suas atividades, fisioterapias dolorosas e, esse recolhimento crescente no interior de si mesmo e junto com o nosso Bom Deus. E só Deus sabe quantas vezes essa pergunta não terá pervadido o coração desse nosso irmão: “Senhor, onde tu estavas quando esse bichinho me pegou? ” Onde tu estavas quando veio aquela doença que enganou os próprios médicos?” Mas a resposta de Jesus para Marta e depois para Maria, ela é bastante contundente: “Eu não te disse que se tu creres, verás a glória de Deus? ”
A celebração religiosa foi acompanhada, além de pessoas próximas e das comunidades católicas, pelo prefeito Marcelo Iunes, que estava acompanhado da primeira-dama, Amanda Balancieri Iunes; o vice-prefeito, Dirceu Miguéis e a esposa Solange, e alguns políticos da região pantaneira.
Após a celebração, o caixão de D. Martinez foi colocado em um caminhão do Corpo de Bombeiros e passou pelas sedes paroquias da cidade, para que o povo pudesse se despedir de seu pastor. O sepultamento aconteceu no Cemitério Santa Cruz.
