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Conselheiro Geral reflete sobre o Mistério da Igreja e sua missão no mundo de hoje

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Foto: ANS

Às vésperas do Ano Santo, em 11 de dezembro, o Conselheiro Geral para as Missões, P. Alfred Maravilla SDB, compartilha sua reflexão sobre o Mistério da Igreja, sua relação com o Reino, sua missão no mundo de hoje e o amor de Dom Bosco à Igreja

A palavra “Igreja” significa “assembleia” ou “convocação” de todos os que creem em Jesus Cristo. A Igreja “nasceu” na Sexta-feira Santa, quando sangue e água jorraram do corpo de Jesus. Com a descida do Espírito Santo em Pentecostes, os Apóstolos começaram a proclamar a todas as nações a própria Fé no Senhor Ressuscitado.

São Paulo refere-se à Igreja como ao corpo de Cristo (1Cor 12,12-14) porque Cristo é a sua cabeça (Cl 1,18). Os credentes seguem a Cristo, ouvem a Cristo, colocam a obra de Cristo em prática e deixam Cristo guiar seus passos, assim como a cabeça guia todo o corpo. Por meio da ação do Espírito Santo, todos os membros da Igreja estão misticamente unidos de forma oculta mas real a Jesus Cristo, único Mediador e o único Caminho de salvação (CIC 805; LG 7).

Assim como Jesus Cristo é verdadeiro homem e verdadeiro Deus, a Igreja é santa porque é o corpo de Cristo. Entretanto, ela precisa de reforma e renovação constantes, porque seus membros são seres humanos marcados pelo pecado (UR 6). Santo Agostinho enfatizou que “a Igreja não é um museu para santos, mas um hospital para pecadores”. Os pecados de alguns membros da Igreja não devem diminuir o amor pela Igreja, pois ela está a caminho da perfeição que não alcançará até o fim da história (LG 48). “Eu vejo a Igreja como um hospital de campanha após uma batalha – disse o Papa Francisco – , com sua capacidade de curar feridas e aquecer os corações dos Fiéis” (19 de agosto de 2013).

A Igreja tem um relacionamento essencial e indissolúvel com o reino de Deus. Ela é semente, sinal e instrumento a serviço do reino de Deus. O reino proclamado por Jesus Cristo é encontrado na Igreja de forma imperfeita, mas autêntica. Assim como Cristo está unido à Igreja como seu corpo, a Igreja está unida ao reino como sua semente. A Igreja aponta para o reino e dá testemunho dele ao difundir os valores do Evangelho e promover o desenvolvimento humano integral. Enquanto a Igreja antecipa o reino, de forma limitada mas real, é chamada a crescer continuamente em direção ao reino, que alcançará a perfeição no fim dos tempos.

Em fidelidade à missão recebida de Jesus, a Igreja caminha com urgência, compartilhando com alegria o Evangelho que transforma e salva. Ela alcança ininterruptamente os cantos mais distantes da Terra, perseverando sem se cansar ou desanimar diante dos desafios e obstáculos. A Igreja não existe por si só, mas como reflexo da luz de Cristo; e sua missão é irradiar essa luz sobre todos os povos (LG 1): não por meio de pressão, coerção ou proselitismo, mas pela proximidade, compaixão, ternura e misericórdia de Cristo. Uma vez que a Igreja continua a missão de Jesus Cristo, ela é sinal e instrumento da graça de Deus, sacramento universal de salvação oferecido por Jesus Cristo a todos os seres humanos. Ainda que se reconheça o trabalho de Deus para além dos limites visíveis da Igreja Católica, “não podem ser salvos aqueles homens que, embora não ignorem que a Igreja Católica foi fundada por Deus por meio de Jesus Cristo como necessária, não queiram nela entrar ou nela perseverar” (LG 14).

Entretanto, são muitos os elementos de santidade e verdade que se encontram fora dos limites visíveis da Igreja Católica, em outras comunidades cristãs separadas. Esses elementos incluem a Palavra de Deus escrita, a vida da graça, as virtudes da fé, esperança e caridade e os dons interiores do Espírito Santo (LG 8,15; UR 3). O Espírito Santo usa as comunidades separadas como meio de salvação. Sua força vem da plenitude da graça e da verdade que Cristo confiou à Igreja Católica. Portanto, todos esses dons vêm de Cristo e levam a Ele, e são, em si mesmos, lembretes da unidade católica (LG 8; CIC 819).

O papel da Igreja local é tornar o mistério salvífico de Cristo presente em seu contexto sociocultural. Ela abraça a cultura local, tornando compreensível a presença de Cristo. A formação da Igreja local não é simplesmente uma expansão geográfica ou o crescimento visível de uma organização: é um processo pelo qual a Igreja, como sacramento universal da salvação, torna-se acessível a todos os povos. Toda Igreja local, também a composta por neoconvertidos, é missionária por sua própria natureza e é tanto evangelizadora quanto evangelizada (RM 49).

Dom Bosco expressou seu amor pela Igreja por meio de sua lealdade incondicional ao Papa; por seu empenho por evangelizar aqueles que não conheciam sua Fé ou que, embora a tivessem, haviam deixado de a praticar – especialmente os jovens pobres e abandonados; e por seu compromisso missionário com aqueles que ainda não tinham ouvido o Evangelho.

Dito isto, poderíamos refletir e partilhar, respondendo às seguintes duas perguntas:

1. Como exprimo concretamente o meu amor à Igreja?

2. De que maneira posso crescer pessoalmente no meu empenho missionário? 

Por ANS