Papa emérito morreu às 9h34 deste sábado, 31 de dezembro. O funeral será na quinta-feira, 5 de janeiro, às 9h30 locais na Praça São Pedro, presidido pelo Papa Francisco
Ao ouvir a notícia da morte de Bento XVI, o Reitor-Mor dos Salesianos valorizou a figura do Papa emérito e assinalou que “um grande Papa, um grande homem de fé, um grande teólogo e pensador nos deixou”. Analisamos agora alguns momentos e características da relação do Papa Ratzinger com a Congregação Salesiana durante os oito anos do seu pontificado.
Suas palavras aos Salesianos — Durante seus oito anos de pontificado (2005-2013), Bento XVI demonstrou vários sinais de proximidade para com a Família Salesiana. Em outubro de 2006, por exemplo, ele assinou o decreto proclamando Margarida Occhiena, Madre Margarida, venerável, e encorajou os salesianos a continuarem o processo de beatificação da mãe de Dom Bosco.
Além dos discursos em viagens oficiais, o Papa Bento XVI também expressou palavras de encorajamento aos salesianos em diferentes ocasiões.
Seu pontificado coincidiu apenas com um Capítulo Geral da Congregação, o CG26, celebrado em 2008 com o lema “Da mihi animas, cetera tolle” (“Dai-me as almas, ficai com o resto”). No início do encontro, o Papa alemão enviou uma carta aos participantes na qual falava da importância de cada salesiano se inspirar em Dom Bosco: “O carisma de Dom Bosco é um dom do Espírito para todo o Povo de Deus, mas somente na escuta dócil e na disponibilidade à ação divina é possível interpretá-lo e torná-lo atual e fecundo”. Ele também agradeceu e encorajou o trabalho educativo e evangelizador dos Salesianos em meio às dificuldades de cada época: “Devemos ajudar os jovens a valorizar os recursos que eles carregam dentro de si como dinamismo e desejo positivo; pô-los em contacto com propostas ricas de humanidade e de valores evangélicos; encorajá-los a participar ativamente na sociedade através do trabalho, da colaboração e do compromisso com o bem comum”.
No final do XXVI Capítulo Geral, Bento XVI realizou um encontro com os capitulares, no qual lhes disse: “Faço votos sinceros por que toda a Congregação salesiana, também graças aos resultados do vosso Capítulo Geral, viva com renovado impulso e fervor a missão para a qual o Espírito Santo, através da intervenção materna de Maria Auxiliadora, ele a levantou na Igreja. Hoje desejo encorajar-vos, a vós e a todos os salesianos, a prosseguir o caminho desta missão, com plena fidelidade ao vosso carisma originário, no contexto do já iminente bicentenário do nascimento de Dom Bosco”.
Em 2010, Bento XVI respondeu a uma carta enviada em maio pelo então Reitor-Mor, P. Pascual Chávez, e pelos bispos salesianos, na qual expressaram sua proximidade a ele nos momentos de tribulação vividos pela Igreja, especialmente o escândalo dos casos de pedofilia dentro dela. “Este pensamento reflexivo de solidariedade, manifestado numa situação delicada também para toda a Igreja, despertou no meu coração uma profunda gratidão, também porque é um sinal daquela intensa comunhão e daquele afecto ardente que os filhos espirituais de São João Bosco sempre alimentaram para com o Sucessor de Pedro”, respondeu o então Sumo Pontífice.
Nomeação de bispos e criação de cardeais salesianos — Um total de 34 salesianos foram nomeados bispos por Bento XVI. Durante seu pontificado, nomeou três cardeais salesianos: Joseph Zen Ze-kiun, bispo emérito de Hong Kong; Raffaele Farina, arquivista do Arquivo Secreto do Vaticano e prefeito da Biblioteca do Vaticano; e Angelo Amato, que foi Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos.
Bento XVI confiou o cargo de secretário de Estado da Santa Sé a um salesiano, o cardeal Tarcisio Bertone. Além disso, ele foi nomeado cardeal camerlengo, por isso serviu como chefe da Igreja Católica durante o período de sede vacante entre a renúncia do papa alemão e a eleição do papa Francisco em 2013.
Seu tempo nas casas salesianas — Bento XVI visitou as casas salesianas em várias ocasiões. No verão de 2005, seguindo uma tradição iniciada por seu predecessor, São João Paulo II, passou três semanas no Valle d’Aosta, convidado pela casa salesiana de Les Combes. Neste ambiente de retiro, começou a trabalhar na sua primeira encíclica, “Deus caritas est”. Ele repetiu sua estadia em Les Combes nos verões de 2006 e 2009.
Seu primeiro encontro com os salesianos como Bispo de Roma ocorreu em 24 de fevereiro de 2008, terceiro domingo da Quaresma. O Papa alemão visitou a paróquia salesiana de Santa Maria Liberadora, localizada no popular bairro romano de Testaccio, por ocasião do centenário de sua consagração e abertura ao culto. Lá, ele recordou um dos párocos históricos desta comunidade, o Venerável Dom Luis María Olivares, salesiano em processo de beatificação, e convidou toda a comunidade paroquial “a perseverar no compromisso educativo, que constitui o carisma típico de cada paróquia salesiana”.
Em 21 de março de 2009, durante sua viagem apostólica a Camarões e Angola, Bento XVI celebrou a Santa Missa na paróquia salesiana de São Paulo, Luanda. Cerca de 3.000 pessoas, entre sacerdotes, religiosos, catequistas e representantes de movimentos eclesiais em Angola e São Tomé, participaram da celebração. O então Sumo Pontífice expressou com grande humildade: “Permiti-me, finalmente, dirigir algumas palavras aos Salesianos e aos fiéis desta paróquia de São Paulo que nos recebem na sua Igreja, que não hesitaram em deixar-nos o lugar que habitualmente lhes corresponde na assembleia litúrgica. Soube que estais reunidos no próximo campo e espero, no final da Eucaristia, poder ver-vos e abençoar-vos, mas a partir de agora digo “muito obrigado!” Que Deus levante entre vós e através de vós tantos apóstolos que imitam o vosso santo fundador”.
No final de 2011, no âmbito da sua viagem apostólica ao Benim, Bento XVI se beneficiou dos trabalhos salesianos: a cama sobre a qual descansou naqueles dias foi feita por jovens da obra salesiana do Porto Novo; enquanto a cozinha da Nunciatura Apostólica, onde ele estava hospedado, estava ligada às Filhas de Maria Auxiliadora e seus alunos.
Em várias ocasiões, o Pontífice alemão celebrou a Missa por ocasião da Solenidade da Assunção de Maria na paróquia de São Tomás de Villanueva, localizada em Castel Gandolfo, onde costumava passar o verão. A Missa na paróquia – animada pelos Filhos de Dom Bosco desde o tempo do Papa Pio XI – foi um compromisso ao qual Bento XVI foi muito fiel em seus anos de pontificado, a menos que estivesse comprometido em outras partes do mundo.
Com informações: Dicastério para Comunicações SDB