Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo Diocesano de Campos
A Páscoa celebra com toda humanidade a vida plena, transbordante do Ressuscitado. Assim como os discípulos de Emaús descobriram a presença e a força do Cristo vivo que caminhava com eles todas as pessoas, culturas e povos da Terra são chamados a esta plenitude.
Hoje lembramos e comemoramos o dia dos povos e nações indígenas, e renovamos com eles a aliança da vida, nos solidarizamos com suas lutas pela demarcação e posse legítima de suas terras. Aprendemos com eles a arte do viver e do conviver em comunhão com a criação, na simplicidade e respeito a integridade do planeta.
Vemos com preocupação o surgimento de mentalidades e surtos Anti indígenas que tencionam relativizar seus direitos em nome de um desenvolvimentismo materialista e altamente concentrado. Os doutrinadores da guerra preventiva e do choque das civilizações que idolatram e absolutizam o mercado não dão espaço para a vida, a gratuidade ou aquilo que não é mensurável ou lucrativo.
Parece que apoiar a causa indígena fosse assunto reservado apenas para OGNs ou de antropólogos desvariados que quisessem colocar estes povos numa redoma de laboratório, ou de estudos etnológicos meramente acadêmicos. Estamos ao lado dos indígenas não por folclore ou simplesmente por uma atitude paternalista, mas porque eles além de serem nossos irmãos sofredores, são os povos do futuro, pois são testemunhas e profetas da aliança das civilizações centrada na vida, na partilha e no Deus de Amor e Bondade.
Que a Páscoa de Cristo nos ilumine para valorizarmos o contributo destes povos para a humanidade, e que nos comprometamos cada vez mais com a sua resistência, por dignidade, justiça e paz. Que o dia do índio não seja apenas uma efeméride histórica que nos lembra o passado, mas uma data que nos impulsiona a construirmos o futuro com eles, numa maior consciência planetária, de fraternidade universal e busca e sinalização do Reino. Deus seja louvado!
Fonte: CNBB