Eles vieram há quase três meses da Venezuela, fugindo da fome e da ditadura socialista de Nicolás Maduro. São 21 pessoas de famílias indígenas, entre crianças, jovens, adultos e idosos, que estão acampadas na região da rodoviária de Cuiabá e são atendidas também pela “Casa de Apoio ao imigrante”. Lá eles podem ficar até 45 dias para viabilizar a documentação que os faça entrar no mercado de trabalho. Passado esse período, eles precisam sair e começam a acampar em locais públicos enquanto esperam uma oportunidade de trabalho.
“Estou precisando de um emprego, de creche e escola para meus filhos. Isso é o principal, porque com meus filhos estudando posso trabalhar e assim ajudar minha família. Meu esposo começou a trabalhar hoje em um curtume, terá um bom salário, benefícios, mas se eu trabalhar também será uma ajuda a mais. Mandamos dinheiro para fora, pouco, de R$ 40 a R$ 50, mas para lá isso é muito, ajuda a comprar comida”, relatou a venezuelana Jenesis Peralta, de 25 anos, está na Casa do Migrante com o marido e três filhos.
O padre Dídimo de Campos Filho é o coordenador da pastoral de acolhida do Santuário de Nossa Senhora Auxiliadora e relata a dificuldade ainda maior desse grupo, por serem indígenas. “Eles têm a cultura deles e não podem se dividir. Mas, quando chegam lá na ‘Casa do Imigrante’, separam marido, mulher, filhos e eles não aceitam isso porque é contrário à cultura. Por isso, acabam saindo antes para a rua e vivem essa situação que considero a mais periclitante de todos os imigrantes”, afirma o salesiano.
O Ministério Público do Estado de Mato Grosso (MPMT) tomou a iniciativa de convocar parceiros para promover uma ação emergencial de abordagem social às famílias venezuelanas com crianças pelas ruas de Cuiabá. O trabalho de orientação teve início no mês de setembro e já resultou na visível diminuição da quantidade de crianças nas ruas. Dezenas de famílias foram interpeladas e receberam cópias dos principais artigos do ECA.
Neste mês, os integrantes da Pastoral da Acolhida, do Santuário, começaram a atender esse grupo de indígenas venezuelanos com a distribuição de cestas básicas. “Nós também temos o compromisso já de 3 anos com os catadores de lixo lá do lixão, mas como esses imigrantes estão em uma situação pior que a dos catadores, nós passamos a ajuda-los também”, revela padre Dídimo.
Além das cestas básicas, a Pastoral da Acolhida também tem atendido os imigrantes venezuelanos com roupas e medicamentos. Todo esse trabalho é desenvolvido com o apoio de voluntários e doações da comunidade católica do Santuário de Nossa Senhora Auxiliadora.
Com informações: MPMT