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Salesiano da Inspetoria de Campo Grande será missionário em Moçambique

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Faltam poucos dias para o salesiano Erivélton Marquês da Silva, 33 anos, embarcar rumo a uma experiência que o fará participar de uma das características mais marcantes da vida salesiana: o ser missionário. Na próxima semana o jovem seguirá rumo a Moçambique, na África, onde fará o período formativo do Tirocínio.

P. Hermenegildo Conceição dá a Bênção de Envio ao Salesiano Erivélton

No dia de Natal (25/12), no Santuário de Nossa Senhora Auxiliadora, em Cuiabá, o P. Hermenegildo Conceição Silva, diretor da presença salesiana no Colégio São Gonçalo, deu a Bênção de Envio ao missionário salesiano. Um momento de grande emoção e significado tanto para o jovem salesiano quanto para toda a inspetoria, unida em oração pelo irmão em Dom Bosco.

A coordenadoria de Comunicação da Inspetoria de Campo Grande fez algumas perguntas ao salesiano Erivélton sobre a experiência missionária. Confira abaixo a entrevista:

 Como surgiu o desejo de fazer essa experiência como missionário na África?

O meu primeiro interesse por optar a fazer essa experiência missionária nasceu no primeiro ano da formação salesiana no aspirantado, na comunidade do Colégio Salesiano São Gonçalo em Cuiabá, no Estado de Mato Grosso.

Aquela comunidade era marcada pela alegria e devoção a Nossa Senhora Auxiliadora, todos os salesianos que moravam naquela comunidade tinham sua peculiaridade e cada um tinha uma característica de Dom Bosco, principalmente no que diz respeito a olhar para o próximo.

Uma figura marcante daquela comunidade era o P. Josef Winkler, alemão, que viveu de perto a Segunda Guerra Mundial e chegou a nossa inspetoria no ano de 1958. Ele foi inspetor da Missão Salesiana de Mato Grosso por duas vezes e foi também missionário por dez anos em Angola, onde assumiu a Cáritas nacional.

O P. Josef Winkler por diversas vezes contava as suas histórias pelo mundo, ele era um amante dos filmes de guerras, gostava de estar no meio das pessoas, gostava das crianças e amava estar em comunidade.  Aqueles comentários sobre suas experiências missionárias foram  chamando a minha atenção. Certa vez ele me disse: “se você tiver oportunidade, faça uma experiência fora, você vai ver o quanto é enriquecedor!”.

Confesso que aquele convite de algum modo mexeu comigo e, no decorrer do meu processo formativo, escolhi como lema do meu Projeto de Vida a passagem bíblica do Evangelho de São João 20,18: “Eu vi o Senhor”. Essa frase retrata o primeiro encontro entre Maria Madalena e o Cristo Ressuscitado e alguns estudiosos dizem que se trata do primeiro anúncio missionário da Igreja.

Outra situação que me chamou a atenção e ajudou-me na construção do meu projeto de Vida foi responder ao tema do Capitulo Geral 28 “Que Salesianos para os jovens de hoje?”. Foi um desafio. Como Salesiano de Dom Bosco tenho que ter a capacidade de ajudar os jovens a responderem os desafios atuais do mundo. O nosso olhar deve estar voltado aos jovens mais pobres e necessitados, excluídos, os mais frágeis e privados dos direitos fundamentais.

Essa busca por dar sentido ao meu Projeto de Vida proporcionou um fruto que é a experiência missionária. Realizar a etapa do tirocínio em Moçambique é um modo de agradecer a Deus pela minha vocação salesiana.

Como foi a sua preparação?

O diálogo com o meu Inspetor foi o caminho de tudo, foi um diálogo bem aberto em que ele me escutou e pode me ajudar no processo dessa experiência missionária. Por vezes tivemos alguns diálogos e sempre que nos encontrávamos ele perguntava como eu estava caminhando.

O passo seguinte passou pelo vice-inspetor, que buscou resolver a parte burocrática das documentações. Algo muito nítido era a preocupação do P. Elias Roberto em relação a minha ida, sempre me motivando e encorajando a realizar essa experiência.

Tanto o P. Ricardo como P. Elias pediam que eu pesquisasse sobre o trabalho desenvolvido pela Visitadoria Maria Auxiliadora em Moçambique. Na ocasião também ocorreram algumas conversas por vídeo-chamada com o P. Adolf (Inspetor da Visitadoria de Moçambique), na busca de trocar ideias.

Aprofundei a minha espiritualidade e também meu psicológico, entendendo que isso faz parte de uma preparação para quem vai morar fora do país de origem. Um outro ponto importante é preparar a família para essa jornada, explicar as motivações que me levaram a tomar essa decisão. Até pensei que iria ser mais complicado, mas graças a Deus foi tranquilo.

Algo que chamou muito a minha atenção é o cuidado que os meus irmãos de inspetoria têm demonstrado comigo em relação a essa experiência que vou realizar. Desde quando foi anunciada a minha ida para a Visitadoria Maria Auxiliadora, recebi diversas mensagens de incentivo. Recentemente participei do retiro anual aqui na inspetoria e muitos irmãos salesianos conversaram comigo, a frase que mais escutei foi “estou rezando por você”.

Arrisco a dizer que esse meu sonho de realizar uma experiência missionária tornou-se o sonho de muitos outros familiares, amigos e irmãos de congregação. Vou buscar relatar as minhas experiências por meio da minha rede social. Quando passava as férias nas missões indígenas eu criei um quadro na minha rede social chamado “Aventuras missionárias” e ali postava a experiência de um formando passando as férias nas missões. Vou buscar dar continuidade a esse quadro para mostrar a minha mais nova realidade.

Quais são as suas expectativas para este ano em Moçambique?

Acredito que será um ano de muito aprendizado. Ouvi dizer que o povo moçambicano é um povo muito alegre, apesar das dificuldades. Será uma experiência muito rica humanamente e espiritualmente, e isso vai me ajudar a ter uma outra visão de mundo.

Tenho conhecimento dos desafios que vou encontrar, mas me recordo da preparação para viver aquilo, que acredito que será uma das experiências marcantes em minha vida.

Como essa experiência pode fortalecer a vocação salesiana?

Entender a realidade do mundo atual é fundamental, nunca se falou tanto em crises migratórias pelo mundo, por diversas vezes nos deparamos com cenas fortes de pessoas querendo entrar em outros países e algumas cenas, até mesmo de morte.

Essas cenas ficam na cabeças de todos, principalmente dos jovens. Quando pesquisei a faixa etária das pessoas que buscam fazer um trabalho voluntário pelo mundo, me deparei com um grande número de jovens que buscam dar respostas às diversas crises humanitárias.

Dentro da Igreja existe um apelo missionário, e isso não é diferente na nossa Congregação. As dificuldades do mundo são gritantes e esse fato sempre chamou minha atenção. Quando me propus a fazer essa experiência, busquei também o meu crescimento como salesiano de Dom Bosco.

O salesiano não tem fronteiras, a figura do Cristo Bom Pastor rompe qualquer fronteira. O Cristo Bom Pastor para nós Salesianos é o verdadeiro amor, Cristo dá sentido a palavra amar dando às ovelhas o verdadeiro bem, o alimento da verdade de Deus, da palavra de Deus, o alimento da sua presença. É esse amor que fortifica a minha vocação religiosa como Salesiano de Dom Bosco.

 

Euclides Fernandes

DRT/MS 55/02