Apresentação e entrega da Positio ao Dicastério
O Dicastério para as Causas dos Santos recebeu, nesta quinta-feira (28/11), o volume da Positio super martyrio dos Servos de Deus Rodolfo Lunkenbein e Simão Bororo. O documento foi elaborado sob a relatoria de Dom Maurizio Tagliaferri, com a colaboração do postulador padre Pierluigi Cameroni, SDB, e da doutora Mariafrancesca Oggianu.
Etapas do processo de análise e declaração do martírio
A Positio contém uma apresentação inicial do relator, a Informatio super martyrio que detalha, de maneira teológica, as evidências do martírio material e formal, além dos sumários com provas documentais e testemunhais. Também integra o volume o aparato iconográfico e as seções finais que consolidam o conteúdo probatório.
O material será submetido à análise dos consultores históricos e teológicos. Após essas etapas, o processo seguirá para avaliação dos cardeais e bispos do Dicastério. Caso aprovado, permitirá ao Sumo Pontífice declarar o decreto de martírio dos Servos de Deus.
A entrega da Positio gerou repercussão nas Inspetorias Salesianas de Campo Grande (Brasil) e da Alemanha, bem como nas Dioceses de Barra do Garças e Bamberg, expressando reconhecimento pelos avanços no processo.
Para o secretário inspetorial da Missão Salesiana de Mato Grosso, P. João Bosco Monteiro Maciel, que atuou como vice-postulador da causa de reconhecimento do martírio dos dois Servos de Deus, este dia ficará marcado na história da causa de Martírio do servo de Deus Rodolfo e Simão e Representa um ponto de chegada forte, pois tudo aquilo que poderia ser feito, foi feito. “Agora, com a entrega da positio, significa que nós aguardamos o pronunciamento da Santa Sé sobre essa causa de Martírio. Para mim é muita alegria, muita satisfação, pois sem dúvida nenhuma trabalhei bastante, graças a Deus, e num tempo relativamente não muito longo, conseguimos chegar a termo”, declarou.
Padre João Bosco ainda deixou inúmeros agradecimentos às pessoas que atuaram com grande afinco durante toda a fase diocesana e a fase romana. “Agradeço tremendamente ao Padre Cameroni, que é o postulador geral para causa dos sãos da congregação salesiana, e à senhora Maria Francesca Odiano, que fez toda a redação final da positio. Devido ao grande trabalho feito por ela, tudo pode ser concluído. Então vamos agradecer a Deus e seja também o primeiro marco da abertura deste ano em que nós vamos. Iniciar a celebrar os 50 anos da morte dos servos de Deus. Agora, a nós compete continuar rezando e pedindo a Deus por intercessão de Santa Terezinha do Menino Jesus, que é a padroeira da causa, que o martírio seja reconhecido e quanto antes eles sejam glorificados”, concluiu.
Histórico de Rodolfo Lunkenbein
Rodolfo Lunkenbein nasceu em 1º de abril de 1939, em Döringstadt, Alemanha, em uma família de agricultores. Inspirado pela vida de Dom Bosco, ingressou no aspirantado salesiano aos 11 anos. Aos 20 anos, transferiu-se para o Brasil, onde iniciou o noviciado em São Paulo.
De 1963 a 1969, realizou estudos teológicos na Alemanha e foi ordenado sacerdote em 29 de junho de 1969. Após sua ordenação, retornou ao Brasil e dedicou-se à missão indígena em Merúri, Mato Grosso. Atuou na defesa dos direitos dos povos indígenas, incluindo a fundação do Conselho Indigenista Missionário (CIMI).
Em 15 de julho de 1976, Rodolfo Lunkenbein foi morto por um grupo de fazendeiros armados. O lema sacerdotal que escolheu, “Vim para servir e dar a minha vida” (Mc 10,45), sintetizou sua trajetória de vida e missão.
Contribuições e martírio de Simão Bororo
Simão Cristiano Koge Kudugodu, conhecido como Simão Bororo, nasceu em 28 de outubro de 1937, em Meruri. Atuou como pedreiro e contribuiu na construção das primeiras casas de alvenaria para os Bororos, participando ativamente da missão salesiana.
No mesmo ataque em 1976, Simão Bororo morreu enquanto defendia o padre Lunkenbein. Antes de falecer, perdoou os agressores, expressando sua entrega à causa.
Reconhecimento histórico e espiritual
Rodolfo Lunkenbein e Simão Bororo integram a história dos missionários que sacrificaram suas vidas em defesa das populações indígenas e suas terras. Seus testemunhos permanecem como símbolos de dedicação e martírio na luta por direitos humanos e evangelização.