(ANS – Roma) – Inspirado por sua bondade, zelo e humanismo otimista, Dom Bosco escolheu São Francisco de Sales como patrono de sua Congregação e resolveu chamar seus seguidores de “Salesianos” (Const. SDB 4 e 17). Ainda hoje é possível aprender muito da estratégia missionária que São Francisco de Sales desenvolveu durante sua experiência missionária na região do Chablais, França (1594-1597), e, mais tarde, durante seu ministério como Bispo de Genebra no exílio.
Em primeiro lugar, para estar próximo a seu povo, São Francisco aceitou morar no castelo de Allinges, acompanhado apenas por seu primo. Sua opção de percorrer diariamente o caminho até Thonon o levou a conhecer as pessoas no contexto de suas vidas cotidianas: os trabalhadores em suas ‘lojas’, os agricultores em seus campos, os aldeões em suas casas. Desta forma, ele estabeleceu com eles uma relação simples, mas pessoal. Ao fazer-se amigo deles, seu testemunho de vida tornou-se ainda mais atraente. Esse apostolado de relacionamento e amizade converteu-se no fundamento de sua obra missionária.
Em segundo lugar, São Francisco viveu pobre, sem recursos. Contava com pouco apoio humano. Embora estivesse hospedado no castelo de Allinges como hóspede do Barão de Hermance, recusava-se a pregar o Evangelho sob proteção das armas do exército católico.
Em terceiro lugar, depositava sua esperança apenas em Deus. Sua força eram a oração e a missa diária na pequena capela do castelo antes de descer para Thonon. Mesmo quando insultado e ridicularizado, mesmo quando evitado pelos protestantes, ou o agredissem, ele tratava a todos com grande respeito e profunda caridade.
Em quarto lugar, ele estava convencido da inclinação natural ao amor de todo ser humano. Para ele, o desafio missionário consistia em ajudar cada pessoa a acreditar, com o dom da Fé, na existência de um Deus de amor, encarnado em Jesus na humanidade, crucificado por nosso amor e ressuscitado para que pudéssemos entrar plenamente na comunhão de amor com Deus.
Em quinto lugar, ele costumava se preparar bem para pregar, cuidando tanto de seu pequeno rebanho de Fiéis, no Chablais, quanto das grandes multidões de Fiéis. Quando as pessoas se recusaram a ouvi-lo, Francisco escrevia panfletos e os distribuía. E, tal como os protestantes, também usava as Escrituras em suas pregações e nas discussões com alguns deles.
Por fim, dado que na época as academias eram o lugar predominante para os esforços intelectuais da população europeia cada vez mais instruída/educada, em 1606 São Francisco de Sales, juntamente com Antoine Favre, presidente do Senado de Savoy, fundou a ‘Academia Florimontana’. O objetivo principal da iniciativa era promover um “humanismo devoto”, incutindo os valores do Evangelho na literatura e na ciência, criando, assim, um vínculo entre Fé e cultura, e promovendo uma integração entre Fé e razão. Nessa luz, a “devoção” (=santidade) é incutida em todas as dimensões da vida diária. A Academia Florimontana encerrou suas atividades em 1610, quando o Senado de Sabóia foi transferido para Chambéry. No entanto, seus membros também incluíam o poeta Honoré d’Urfé e os dois filhos de Favre, um dos quais, Claude Favre de Vaugelas, se tornou mais tarde um dos acadêmicos originais da célebre Academia Francesa de Paris.
Enfim, São Francisco de Sales soube tocar o coração das pessoas, sobretudo com seu testemunho pessoal de vida – com seu ardor missionário, sua coragem, sua Fé, sua caridade e sua pregação – que levou muitos à conversão.
Para refletir e compartilhar
– O que posso aprender da estratégia missionária de São Francisco de Sales que seja replicável no meu contexto?
– Que importância devo dar ao meu testemunho pessoal de vida?
P. Alfred Maravilla SDB
Conselheiro Geral para as Missões