(ANS – Roma) – “Sinodalidade é a palavra de ordem da Igreja neste momento. Durante as duas últimas semanas de novembro, aqui na ‘Sede Salesiana’ vivemos um momento particularmente intenso, que só pode ser definido uma experiência sinodal, de caminhada conjunta como irmãos”. O Conselheiro Geral para a Formação, P. Ivo Coelho, oferece hoje aos leitores de ANS uma reflexão sobre a experiência vivida neste encontro para a revisão da «‘Ratio’ salesiana», realizado em Roma de 15 a 28 de novembro de 2021.
O encontro fez parte do processo de revisão da ‘Ratio salesiana’, pedida pelo Reitor-Mor, P. Ángel Fernández Artime. Após quase dois anos de preparação, consulta e estudo, e com os resultados dos questionários enviados a todos os coirmãos, comunidades salesianas e comunidades educativo-pastorais, um grupo de 21 coirmãos – de todo o mundo – se reuniu para ouvir as respostas, interpretá-las, resumi-las para facilitar o próximo passo: a redação da nova ‘Ratio’.
O grupo era composto por sete jovens em formação inicial, eleitos por seus pares em outro processo intensamente sinodal, que abrangeu diversos encontros on-line em cada uma das sete regiões da Congregação. Chamei-os “jovens” e não “jovens salesianos”, porque um deles era um pré-noviço da Coreia do Sul, de certa forma não era “um noviço”, porque vinha de uma experiência de dez anos no Movimento Juvenil Salesiano de seu país. A presença dos jovens deu um sabor particular ao encontro. Para mim, a reciprocidade da relação formativa tornou-se dramaticamente clara quando um deles disse ao grupo: “Quando o Reitor-Mor repetia que a nossa Congregação é maravilhosa, alguns de nós sorríamos secretamente e com ceticismo. Agora, graças a este numeroso grupo de salesianos, sei que é verdade”.
O trabalho foi intenso e exigente, como não é difícil imaginar. O P. Silvio Roggia, que coordenou toda a experiência, definiu-a como a experiência de sinodalidade mais significativa de toda a sua vida salesiana: “Além dos conteúdos e orientações que emergiram do nosso exercício de escuta, para mim uma luz forte veio da clara evidência de que SÓ JUNTOS foi possível chegar aonde chegamos, após estas duas semanas de TRABALHO EM EQUIPE. De todas as formas possíveis de viver a sinodalidade, esta tem sido, para mim, uma das mais significativas, até agora, na minha vida salesiana; também porque fomos voz de muitas outras realidades (inclusive da realidade fundamental da vivida história de cada um, esta mesma fruto de tantos rostos…)”.
O tipo de comunhão fraterna que se estabeleceu quase imediatamente nesse grupo tão diverso, mesmo com as barreiras linguísticas, foi notável. Para mim foi surpreendente observar como as pessoas se comunicavam, com trechos em inglês ou italiano e a ajuda de muitos gestos, sempre com muito… humor. Christian Becerra descreveu o encontro de forma esplêndida: “Acho que para algumas pessoas este momento é muito semelhante ao do Pentecostes, no qual, mesmo que falemos línguas diferentes, e muitos de nós entendam a língua italiana, ainda é muito interessante poder pelo menos falar a língua de sinais. Outro fenômeno que se repete entre nós salesianos em todo o mundo é o nosso espírito de família; com ele, mesmo que nunca nos tenhamos encontrado, nem mesmo em uma plataforma digital, a impressão é de que já nos conhecemos”.
Penso em como este aspecto seja lindo: mesmo que nunca nos tenhamos conhecido, quando estamos juntos descobrimos que de alguma forma já nos conhecemos.
E todo este processo foi acompanhado pela oração de centenas de salesianos, leigos e membros da Família Salesiana de todo o Mundo. Porque todo discernimento acontece na adoração, na oração, no diálogo com a palavra de Deus, como disse o Papa Francisco na abertura do Sínodo sobre a sinodalidade.